Bem Aventurados Teus Olhos Quando Fechados...

Nesse mundo,
de tantos lamentos,
mas de algumas venturas,
quando nos vem a dor,
por mais que seja branda
como se brandura houvesse
naquilo que nos castiga,
vem a queixa,
a revolta
e ai daquele que
não sabe bem sofrer.

E nos ensinam
os imortais
impossíveis lições.

Quedados nos nossos fracassos,
andamos como pequenos asnos
querendo sempre o melhor capim.

Não, a doença não é o que nos mata a alma.

O que nos mata é o orgulho,
a vaidade
e o maior de todos os demônios do ser:
o egoísmo.

Então,
quando voltemos ao mundo,
destituídos dos olhos,
benditos seremos
se ficarmos serenos.

Porém,
se há o mal sofrer,
quanta infelicidade nos
espera no próximo cais.

Voltaremos após a pescaria
de mãos vazias junto ao Pai.

Que fizeste da bênção que te dei?

Sujamos com nossa rebeldia...

E voltaremos a navegar...

Talvez sem olhos para olhar,
sem ouvidos para ouvir,
sem boca para falar,
sem pernas para andar
ou sem braços para fazer...

E,
nesses momentos de pesca sem peixe,
mesmo que as redes fiquem vazias,
voltemos ao cais com os olhos
serenos,
mesmo que fechados,
por que benditos seremos
no saber sofrer!