BARRAVENTO
Incansável, ela percorre vales, montes e campinas...
Vai banhando as encostas das matas,
Transpondo quedas, cascatas e neblinas...
Segue viagem, desbravando, corajosa, suas margens...
Desafiando o tempo, o rumo dos ventos, o solo árido e a estiagem.
Até cair nos braços do seu amado, tão saudoso e adorado, atrevida, aguerrida, esguia, requebrando feito bailarina.
Ele, atrevido, feroz, envolve nos braços sua afogueada dançarina.
Os amantes seguem sua rotina, entre arroubos e deleites, em perfeita sincronia.
Ele todo feracidade, ela pura tempestade.
Lá do alto da colina, os pássaros se põem a cantar,
Ouvem-se vozes dos quilombos, tambores a rufar:
“Eparrei! Começou relampear!
É o encontro da Mãe Iansã com Ogum Beira-mar!”