Simplesmente Sorria

Se tudo que passa pelo meu olhar

Transbordasse em minha boca

Oras, imagina que conversa louca

Que eu iria te confessar

Mas calejado de muitos sábios conselhos ouvir

Pouco me restava, a não ser sorrir

Na esperança da certeza de um dia partir

Para horizontes onde, só, exista o sentir

Vi nas palavras uma simples solução

Há séculos verbos escorriam da mão

Daqueles que tentavam responder a questão

Da humanidade sem humildade na civilização

E como, tudo isso transformar?

Me perguntava, internamente

Mal sabia que minha mente

Não sabia controlar!

Pois olhem, vejam, o que restou além da planta?

O sangue fervido que atravessou garganta

Na morte da carne celebrada na janta

Agradecida, de forma pura e santa!

Imaginem só o dom do poeta

Toca na veia, a corta, conserta

Fecha a boca, faz imensa dieta

Medita, macumbeia, grita, corneta

Mas deixa pra lá, é um sonho essa ilusão

Pouco sabemos de pra onde todos irão

Já perderam a sensibilidade que brotou no coração

De quando sonhavam que se amariam tal irmão

Mas antes olhem a coincidência do destino

Pois desde quando era o poeta um menino

Aprendeu rápido que o único ensino

É aguardar o encontro com o Divino

E o que lhe restou foi então a poesia

Que nela, imensa e completa, fazia harmonia

Falava da dor, sofria, sentia

Clamando por favor, simplesmente sorria

=D