O FILHO DO HOMEM
“O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo,
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.”
Fernando Pessoa.
O Senhor Deus é um odre velho
para o sempre arrependimento válido
e se basta
indistintamente usado.
Em ascese
o humano ser
roto de palavra
pratica renúncias ao profano
de mais além vir a ser
na compreensão do vinho novo.
O poeta torto
humílimo de esperanças
suspira de joelhos rotos.
Absurdamente me mora
apenas
a duras penas
o universo da dúvida...
O metafísico do Absoluto
diz-se mais de perto:
eu sou o Cristo
todavia o Pai é maior que eu.
– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.
http://www.recantodasletras.com.br/poesiasespiritualistas/5193677