Recado à Sina
Rio Xingu, Porto de Moz, 14 de novembro de 2014.
“cumpra a Sina, cumpra a Sina...”
“cumpra a Sina, cumpra a Sina...”
E esta voz que me persegue
Parece às vezes até bater
Fez das noites tantos dias
Longo alvorecer
E este espelho é um chato
Vive sempre me lembrando
Da tarefa feito fardo
Os pés vão se arrastando
Quando pude eu fugi
Mas a mente me encontrou
Eu mandei recado à Sina
Você não dominou
Não adianta trazer sua trapaça
Com tantos elogios
Um mar de gente me conhece
Só me entendem os rios
Não ouso ser santo
Tanto que eu mal sei rezar
Revolto-me com o pranto
Tanto da injustiça que há
No meio errando
Tanto no bom intento ajudar
Oferto um canto
Quando o nosso medo chegar
A peça não encaixou
A ideia não é esta
Risca-risca esta frase
Um estalo durante a siesta
Pergunta a doutora “qual é a procura?”
“O que enfim te agonia?”
Disse que trabalho o caos
Pra compor sinfonia
Procuro a verdade
Sabe? Como a vida caminha
Percebo a metade
Sabe? Atrapalha-me a Sina
E quando acho por um momento
Lento daquilo que eu possa ser
A Sina cresce em seu tormento
Tento no vento me esconder
“E cumpra sua Sina...
cumpra agora sua Sina...”
Não é bem assim
Não é bem assim