Celebro

Celebro o poema da poetisa

Celebro a observância do sábio

Celebro o esgar da bruxa

Celebro a luta do trabalhador

Celebro a perseverança do estudante

Celebro a persistência do iniciante

Celebro a inocência do iniciado

Celebro a indolência do rebelde

Celebro a marca do justiceiro

Celebro a verve do artista

Celebro o destino da cartomante

Celebro enfim...

Que me resta?

Se fossem poucas as indulgências necessárias

Mas nem se tem conta mais dos crimes cometidos

Apesar disso, o mundo gira

O mundo sempre girará

Celebro o arfar do coveiro

Celebro a docilidade da noiva

Celebro a maternidade da mãe

Celebro a certeza do atleta

Celebro a fragilidade do confesso

Celebro a destruição do soldado

Celebro a gratidão do pedinte

Celebro a estupidez do rico

Celebro o primitivismo do índio

Celebro a precisão do ourives

Celebro a negação do acusado

Celebro enfim...

Que me resta?

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 17/07/2012
Código do texto: T3783627
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