CANÇÃO DO TEMPO
A voz retorna suave...
Ouço-a como se saísse de mim
Ela é brisa, ela ressoa...
Ela murmura a canção do tempo
Que paira acima do bem e do mal
Que se sustenta muito além dos séculos
Eu ouço o seu sussurro...
Sei que também ouves...
É doce...
Conta histórias apagadas da memória...
Eu ouço o seu sussurro...
E sei que também ouves.
Porque ela está em ti,
assim como está em mim.
Traz o sopro do nosso passado.
Hálito quente, som insistente,
convida-nos a recomeçar,
reescrever o que Outras mãos criaram.
Conta-me sobre o muito de ti
que ficou comigo;
sobre o todo meu
que ficou contigo,
como peças que se encaixam...
Que se encontram...
Que se deixam
alheias ao som da voz
que sussurra incessantemente
esta canção do tempo:
eu ouço,
tu ouves,
nós
silenciamos.