Crianças de Realengo
Pensem nas crianças de Realengo
como anjos que voltam ao seu tempo
saudosas aos braços de Jesus.
E esqueçam o ato, o autor,
o infortúnio, o atirador
e tudo que ofusca a luz.
Elas, agora, habitantes do Céu.
Se delas, foi tirado o véu
jamais a esperança é extraída.
Pois nascidos eternos,
não é após o ventre materno
que vislumbramos a vida.
Pensem nas crianças feridas
tenra idade, mas missão cumprida.
Pois suas mortes despertam a atenção.
Se houve um tiro certeiro,
não foi o último, o primeiro,
mas o que atingiu nosso coração.