FÊNIX DE ARGILA

Sou Fênix de argila

Nascida e renascida

Do barro primordial.

Moldada e modelada

Pelas mais intensas vivências:

Aventuras e desventuras

Amores e desamores.

Amassada e amolgada

Pelas mãos de gente amiga,

Mãos de gente cruel

Fui esculpida a cinzel.

Massa que trás na mistura

A têmpera do meu pai

Força que o mundo me deu.

Acrescida a mistura

A ternura dos carinhos

Das mãos de minha mãe.

Leveza e bom humor

Brabeza e amizade

Cravados na convivência

Com meus irmão e irmã,

Primos e primas...

Gentileza e confiança

Esculpidos em meu corpo

Expressos nos gestos suaves

Da minha dança cotidiana.

E ainda sem ser airada

Pesada levava um peito

De pedra de dor ardida.

Por causa da vida bandida

Que foi endurecendo por dentro.

Mal necessário... foi me deixar escavar!

Pois sem antes ser “ocada"

O fogo não suportaria...

Passar pelo fogo dá consistência à escultura!

Meus medos e desejos

Em arestas fui sendo talhada.

Aparas de amores...

Excesso de paixão.

Remodelada no tempo

Compaixão e perdão

Esculpida pela amizade.

Renascida e cingida

Fênix cinzelada,

Pelo fogo da queima

Por anos me calcinando...

Magoas e dores queimando.

Desmanchada e remodelada

Tantas vezes sem fim...

E ainda continuo assim!

Tornei-me consciente

De que esse é o processo,

E como eu passo por ele

Eu posso escolher:

Toda vez que eu for devastada

Mais intensa eu voltarei!

Eu perdi o medo da morte

Tornei-me escultura forte.

Arte sagrada e única,

Feita e refeita

Pelo mestre dos mestres

Pelas sagradas mãos de Deus!

Zeni Bannitz
Enviado por Zeni Bannitz em 13/12/2010
Reeditado em 25/08/2011
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