DOCE BANDIDA(O)
DOCE BANDIDA(O)
Nascemos com certa dose de doçura
Que nos aproximamos dos anjos.
Avançando dentro do tempo
Não que perdemos a doçura,
Mas incorporamos,
Sinais de dureza
Para que possamos
Levar adiante
Nossos dia a dia.
Como então não perdermos a ingenuidade angelical
Sem sermos tão rudes conosco mesmo?
Então percebemos que somos duas metades:
Uma que nos mostra o riso, a fé, o carinho;
Outra que nos empurra, sacode e desperta.
Anjos e demônios a nossa volta,
Pensamentos que nos afligem,
Que muitas vezes nos devoram,
Mas no final sempre a divindade
Nos socorre,
Mostrando o arco-iris, a lua, o sol,
O ser humano que somos
E os que estão diante de nós.
Doce bandida...
Essa vida nos molda a todo instante.
Somos parceiros das circunstancias,
Às vezes das comodidades,
Regada com pitadas de maldade,
Com um final de arrependimento
Onde nossa afabilidade
Coloca-nos diante do remorso
E revertemos muitas das nossas posições.
Ainda somos doce com quem é doce conosco,
E olhamos com desdém
Com quem com esses olhos nos olham.
Nascemos doce,
Vivemos bandidos,
Transformamos em doce bandido,
Mas o Criador nos espera
Mais doce ainda.
Os demônios são anjos equivocados,
E os anjos são demônios transformados.
Entre chumbo quente derramado,
Sabemos doar flores.
Entre impropérios proferidos,
Acalentamos, apaziguamos,
Contamos e recebemos sonhos.
Somos metades que precisam aprender a interagir.
Em uma mão empunhamos armas,
Em outra ofertamos um pote de mel.
E assim seguimos em frente
Rumo a angelitude.
A pressa é nossa,
A morada dos deuses
Estão sempre de portas abertas
Mas só poderemos entrar
Quando tivermos as vestes apropriadas.
Di Camargo, 21/11/2010