UMA AVE NO CÉU… UMA FLOR NO JARDIM
Palavras leva-as o vento, ao sabor da seara…
porém há as que ficam gravadas, no nosso
coração, para todo o sempre.
No esplendor do jardim, entre urzes, sândalos,
recordações, feitas de ensinamento, fazem de
nós pessoas mais completas, pois se guardamos,
o que é de bom guardar, também libertamos
o amor, que foi nosso, enquanto aqui reinou.
Tal como brisa ou vento, na copa das árvores,
seguindo seu procedimento normal, ou a acalmia,
que sentimentos bons, nos traz, tudo isso é
regido pela natureza, assim nós, filhos dilectos…
que têm de aprender, que tudo que nasce e morre,
num ciclo invariável, trazendo tristeza às folhas,
que, em solidariedade, se vão espalhando pelo chão,
apenas morre para os olhos, que o demais é connosco.
Quanta estrela nos guarda à noite… quantas as aves,
poisando junto a nós, parecem segredo dirigir-nos…
sendo agnóstico, acredito, que são os que partiram,
tentando saber de nós, fazendo-se linda lembrança…
e que devemos colher, como flor brotando do chão…
que, depois de fenecer, ainda guarda a beleza ida,
e, sem esmorecer, à chuva e ao vento permanecerá,
que, de nosso amor, regressará, pois não existe olvido.
Assim, chegando a morte, é apenas e só a carne que
deixa de existir… tudo o mais, o carinho, o afecto, o
amor, prosseguirá sua demanda, através da família…
em cada gesto tido, em cada palavra dita, preservando
a sua existência, com todo o respeito e dignificante
honra, fruto de seu ensinamento, para com cada um de
nós… por isso, devemos deixar partir, quem agora se foi,
numa liberdade plena, força conjunta, de ambas as partes.
Se assim não for o sofrimento colherá tudo o que é graça,
em cada um de nós… não há liberdade que resista, e,
vendo bem as coisas, egoístas nos tornamos, pois só pensamos
em nós e na nossa tristeza. Deixemos partir em paz, quem
já não se encontra em presença física, entre nossas pessoas,
mas que espera, que a recordemos em felicidade, levando sua
palavra, a quem dela necessita, fruto de seu conhecimento,
relegado em nós… nisto bate em uníssono os corações.
Jorge Humberto
19/11/08