CORAL
Nesta vida, nunca pensei
Que um dia poderia cantar,
E com meus cinqüenta e pouco anos
Num coral me apresentar.
Estava no edifício onde moro
Quando entrou, de repente,
Um amigo sorridente.
Depois de muito insistir,
E eu ainda assustado,
Não entendia o convite,
Achando que estava enganado.
Imagine o que pensava
Aquela criatura risonha
Pois queria que eu cantasse,
Soltasse a voz. Ai! que vergonha!
Nunca na vida tinha cantado.
Não sabia uma só canção,
A não ser:”atirei o pau no gato”,
Mesmo assim, que decepção!
Lá em casa todos diziam:
“Você não canta nesta encarnação”,
Mas, usando a vontade,
Aceitei sem hesitação.
E hoje só tenho a agradecer
Ao amigo brincalhão,
Porque me transformaram
Num tenor. Ai! que bom!
UM ESPÍRITO DE LUZ