Anjos que guardam...
Corpo cansado e angustiado
Coberto por peças pesadas
Por um longo tempo travado
Com vestes rústicas e suadas
Transpirava entre uma dor e outra
Cantava num baile de desabafo
Sonhava com paixão...voava
Dançava e imaginava...
Um lugar dentro de mim
Esquecido já estava
Sentir...parecia longe.
Esperança e ilusão eu contava...
Fora de mim fiquei
Por um longo tempo perdida
Um olhar sem futuro
Enjaulada...sem acreditar na saída.
Noites sem estrelas
Qualquer lugar era a trave
O escuro, o quarto, a sala
Voar seria um nobre milagre
E antes de abrir o vôo
Com a alma dormente
Suei frio e quente
Recomecei tudo novamente
Preciso tanto de mim
Havia me esquecido em algum canto
De repente alguém passou...
Naquele instante dali me tirou.
E cautelosa já me tornara
Não percebera tanta meticulosidade
Observações extremistas
Choros conformistas...
Foi o que estava
Jogado naquele canto
A luz que veio forte
Era alguém...um anjo...
Foi surgindo lentamente
Eu me escondendo e fugindo...
Existia um segredo e eu não sabia
Desconhecia que alivio me trazia.
Minuciosamente foi me mostrando
Que abrir este fecho
Seria a porta inicial
De acabar com todo o mal
Sem perceber fui me curando
Passos pequenos fui dando
Nem havia me tocado
E a dor foi se tornando passado.
Doce, meigo e paciente
Amor que não se descreve
Dedicação e cuidados
Meu espírito sendo amparado.
Reverencio a tua nobreza
De mostrar um caminho
Não sei o que seria...sem você do meu lado.
Quero voar...como um passarinho..
E no teu colo pousar...
Meu anjo a me guardar !
30/09/1996