Debaixo dos céus de São Paulo (O fim do sonho)
Nas minhas mãos eu enxergo apenas o sangue
Pingando aos poucos
Resultado do sacrifício que fiz para você
Resultado do mundo que entreguei nas suas mãos
O mundo que você recusou
Sacrifiquei minha vida por você
Meu amor
E o que ganhei em troca?
Nada
Esse é o meu tesouro no fim da estrada
Nada
Apenas a indiferença
Apenas palavras cruéis
Debaixo desses céus cinzas
Mais cinzas do que o habitual
Está completo o ritual
Da ilusão
Acreditei plenamente
Apostei tudo
E percebi o meu erro finalmente
Mas já era tarde
O que ganhei em troca?
Nada. Absolutamente nada
Debaixo dos céus de São Paulo
O relógio da praça marca algum horário que não consigo ler
Debaixo da garoa interminável
Percebo agora o que ganhei em tentar te ter
Minhas mãos estão agora trêmulas
O sangue vai descendo
E no chão se mistura com a água fria
Esse é meu último sacrifício
Minha última dor
Meu último dia
Debaixo dos céus dessa São Paulo tão grande
Sinto-me completamente sozinho
Cada vez mais vazio
Tão cercado de gente
Que não me olha
Que não me ama
A faca perfurou a pele quente
Como um último beijo de saliva vermelha corrente
Entrego-me a esse último sacrifício, última dor...
Agora não preciso mais do seu amor. Sinto a minha última lágrima cair
Debaixo dos céus tão cinzas dessa bela São Paulo de tão frio calor
Debaixo da fria chuva que agora vem lentamente se despedir.