A revolta das aguas


Deus fez da terra o nosso mundo
Dá agua o nosso sangue
Dá natureza o nosso sustento,
E deu o céu como descanso
A quem fizer por merecer.

O homem quando rezava
Tinha Deus em sua casa,
Não dizimava raças
E nem fazia da mata
Um clube de tiros ao alvo.

A água quando é intensa
Só causa calamidade,
Dando resposta a violência
E aos erros da humanidade.

A chuva vem como uma praga
E o rio que era estrada
Hoje mata sem temer ,
Se transforma numa arma
Entra no quarto e na sala
E bota tudo a perder.

Chuva de mais atrapalha
Chuva de menos é migalha
Mais vale um olho dagua
E da cacimba poder beber.

A água que é vida
Hoje mata e desabriga
Como uma bala perdida
Que cai de cima pra baixo.

Só resta orar de volta
E pedir a Deus que ele misture
O dilúvio com a estiagem.


A todos os desabrigados das cheias
que hoje sofrem com a revolta das aguas.