O Maior Espetáculo da Terra
E o circo chegou! Chegou para espantar a tristeza, acabar com a solidão, trazer alegria, incitar a fantasia, numa saudável ocupação.
Agora há um motivo! vejo, entre toda a encenação, artistas coloridos, trapezistas voadores, o homem bala no canhão! Após tanto pesar vivido, eis que a vida faz sentido!
Entra em cena o Domador! Com chicote em punho, estalando no chão, impunha respeito às feras. Piscavam os refletores, luz pra todo lado, - e um leão mais ousado -, devora o seu senhor. Oh!!! O público aplaude... interessante disputa, o animal venceu. Afinal veio de uma linhagem de fino trato, já o domador, de um orfanato.
Aí vem o trapezista. O rei da corda bamba, fazendo do perigo uma comédia. Ele sobe lá em cima e balança no ar. Gritos de pavor ressoam: - ele vai cair! ele vai cair! O povo, pessimista, previu a tragédia. Não havia rede de proteção para evitar o ocorrido. Mas afinal, sem rede é mais divertido!
O mágico se apressa e faz logo uma magia: Transformar uma tragédia em motivo de alegria. Tira o coelho da cartola, mais isso é pouco e o povo vaia! Passa então a apelar e, antes que o público saia, mostra o grande trunfo! O coelho que antes não agradou agora agrada, mas com a cabeça degolada!
O engolidor de espadas entra em cena, será que vai conseguir? Já engoliu de tudo na vida, só o que não engole, a tempos, é comida! Começa então a torcida: Mais um pouco, mais um pouco, a galera delira! O único que não vibra é seu filho menor, na primeira fila:
- Pare pai, é arriscado! Não se arrisque por mim!
Tarde demais... traspassou-lhe a espada como um tiro. Ele se foi com o público a gargalhar, menos seu filho, que se pôs a chorar:
- Por que papai?
- Porquê o espetáculo não pode parar! - disse e deu seu último suspiro!
Vieram então os palhaços para levantar o astral. Pintado na face, numa aquarela de cor, um sorriso macabro sob um molde de dor! Faziam piruetas, davam cambalhotas, se fingiam de mau! Verdadeiros heróis que espantam a angústia mais cálida, ao preço da mistura da tinta em seu rosto, com seu suor, e sua lágrima!
E termina o espetáculo! A redoma encantada de lona está deserta! Mas lá fora há outro circo, cuja entrada está aberta. Nele somos todos artistas, nossa vida é um grande show, e o picadeiro é aqui mesmo, infeliz de quem entrou!
Engenheiros, médicos, advogados, mendigos, pobres ou desamparados, somos todos integrantes no espetáculo da vida. Na “magia” de sobreviver, na “palhaçada” do sofrer, “engolindo” afrontas e “domando” instintos, somos concebidos ao mundo que nos diz:
- Sejam bem vindos!
Bem vindos ao “Circo” da vida... pode rir, a vida é bela! Você agora é nascido, artista no “Maior Espetáculo da Terra!”