Recordações
Tímidos raios do Sol por vezes espiam
Por entre espessa névoa teimosa
Seus amarelados fachos anunciam
Melancolia numa tarde chuvosa
Leve brisa acaricia pétalas de rosa
O orvalho faz chorar pinheiros ranzinza
O riacho cascateia, cantando em prosa
As nuvens dançam soltas num céu cinza...
Vez em quando uma rajada de vento
Provocando em árvores estranhas contorções
Fazendo propícia uma viagem no tempo
Trazendo à tona antigas recordações
No grande casarão de amplos quartos
Uma lareira aquece sala ampla
Pinturas na parede mostram traços
De anos felizes de festança
Cortinas esvoaçam na penumbra formando sombras sinistras
O vento murmura baixinho segredos antigos
No telhado, treme de frio um gato de listras
No quintal late o cão a procura de amigos
O barulho do carro trazia euforia
Vinham os cães em intensa correria
Sabiam que ali terminaria a solidão
Eis que até mesmo um cão... sente alegria!
Raios de Sol pintam a tela
Pingos de chuva a fazem borrar
Se o tempo desbota tal aquarela
A vida ensina a relembrar
Antigas recordações dos tempos de infância
Voltando à tona e tentando traçar
Com cores pálidas e enfraquecidas
O quadro triste de nossas próprias vidas