A Rosa Azul, caída ao asfalto
Até que a chuva passe
Deixarei que os pingos dessa chuva
Encharquem as pétalas azuis
Da rosa azul que já sofreu
E agora, caída ao asfalto
Recebe as gotas geladas
E o furor do vento.
Desprotegida, vulnerável a quaisquer pisadas
A rosa azul não tem boca para reclamar
Nem pode pedir por socorro.
Sua beleza está reprimida,
Só pode se abrir no jardim
Jardim este que fora seu há muito tempo
Talvez nem exista mais...
Até que a chuva passe
Sei que o sol voltará a brilhar
E que o arco de cores o céu novamente colorirá
E que o orvalho em cada flor pousará.
Mas o que esta flor bela quer mesmo
É ser salva pelo seu amor
Quer sentir suas mãos a tirar-lhe do chão
Plantá-la novamente, admirá-la...
A flor continua caída ao asfalto
Ninguém a percebe
Todos passam por ela, indiferentes
Crentes, de que é apenas mais uma
Das rosas que de seus jardins já foram arrancadas...