VELHO, VELHO CHICO *

" Velho Chico vens de Minas

De onde o oculto do mistério se escondeu

Sei que o levas todo em ti

Não me ensinas

E eu sou só,eu só,eu só,eu..."

(Caetano Veloso - O Ciúme)

Rio São Francisco

Velho rio que ainda

Acolhe generoso

Quem dele se aproxima

Caminho às margens

E percebo vidas

Toco nos coqueirais

E mergulho na lenda

Deslizo nas dunas,

Aceno aos ribeirinhos e

Imagino histórias.

Observo as lavadeiras

E relembro seus cantos.

Penso no peixe, nas frutas

E no arroz irrigado,

Subsistência do Homem

Que vive do rio e para o rio.

Cumprimento o barqueiro

E o velho pescador de olhar sofrido,

Com a lembrança

Da pujança do rio de outrora.

Sinto, reconheço

A tragédia anunciada

No assoreamento

Do rio que agoniza

Velho, velho Chico

Encanto, saudade e pranto

De quem te sonhou

Crescente

E te reencontrou

Minguante.

* Nas minhas últimas férias, visitei a foz do Rio São Francisco e entristeceu-me a desesperança dos ribeirinhos com a tragédia anunciada do rio agonizante. A eles minha solidariedade irrestrita.

**Publicado também no site Anjos de Prata, para o Tema Livre.