Desilusão II
O que dizer agora
se o nada tomou conta de mim?
Meu corpo chora
minha lágrima ignora
esse pranto sem fim.
Nem sequer colabora
para aliviar
essa enorme bola
entalada na minha garganta
bloqueando todo o ar.
Tudo me desencanta
desarmoniza meu ser.
Eu, sem parar
tento controlar
ignorar
todo o sentir
daquilo que estava por vir.
Era a desilusão à galope
combinação falida, foi o golpe
que insistiu em repetir.
A tua boca dizendo
palavras soltas ao vento
rebatendo no meu peito
escudo imperfeito
pra essas coisas de amor
e dor.
Junto pedaços
agora cacos
pelo tempo desgastados
pois não foi a primeira vez
que o encanto se desfez.
Tento preencher o nada
com pensamentos,
calada,
expressos como alento
em frases formadas
elixir da tristeza instalada.
Início de depressão
momento de solidão
rodeada de tanta gente
indiferente.
De repente,
tu poesia
me entendes
e como uma vidente
me abraças docemente
abrindo tuas portas para mim.