OS OLHOS DA VIDA
Tua sala azulada me lembrou nuvens
E uma rua cheia de mil cores,
Mas tu lembraste de outras coisas
Aliadas a tristezas e outras dores.
Eu via a cor de tua casa,
Tu lembraste de quem não mais a via.
A memória de tudo foi sentida,
Porque falaste da partida
De alguém que já se foi desta vida.
Eu via mil tons de cores
E teus olhos brilhando eram estrelas.
Esse alguém que partiu ficou sem vê-las,
Ficou sem visão, sentido o coração,
Presa da angústia de não ver.
Enquanto tu falavas, eu chorei
Pela impotência e incompetência
De não saber como salvar.
Chorei por quem não conhecia,
Por alguém que as cores já não via
Por alguém que, afinal, não pude amar...
Chorei por um jovem que sofreu
A dor de não mais ver a natureza,
De não mais ver as cores e a beleza
Da vida que viveu.
Tu me fizeste chorar, mas te agradeço.
Foi bem pouco e pequeno o preço
Que paguei para lembrar
Da preciosidade que é ver cores,
Da imensa alegria de enxergar!