Vermelho cornalina

A pele flagelada e embebida de vermelho cornalina,

Drenada pelas garras do narcisismo paterno,

Marcada pelos hematomas de uma vida em neblina,

São dores imensuráveis que revelam o inferno.

O grito da criança silenciada sob cortinas,

Ecoa na mente indecisa de um adulto ansioso,

Que se afoga, gole a gole, em um mar de cafeína,

Buscando forças para lutar contra o frio do afeto tempestuoso.

O afago garantido nas doses de sertralina,

É uma ilusão que mascara a escuridão do amor materno,

O controle das compulsões com a Fluoxetina,

Postergam a hora de fechar o terno.

Jornada tortuosa de uma vida adulta repentina,

Desenhada com cores do sofrimento de um subalterno,

Na paleta Escarlate a mistura vira vermelho cornalina

Que vem do pulso dilacerado de um tormento eterno.