O Rio
Abro os olhos para receber mais um raio de sol pela janela
Talvez eu queira desaparecer
Esperando a brisa da manhã me trazer o aroma de outono
Ainda existem quatro estações? Já nem sei dizer
Eu bebia da felicidade que era farta
Mas sujaram o rio com razões para me intoxicar
Medos, incertezas, lamentações, culpa
Precisei morrer um pouco para tolerar
Eu ainda assim não compreendo
Tantos anos sem chover aqui
O rio se tornou pequena poça
Eu sinto falta da promessa de sorrir
Em minha ausência
Me acostumei a curar outras pessoas
A ferir outras também
Mas não me acostumei
A ser deixado para trás, pequena lagoa
Incendiado pela dor
Promessas não mais ouvirei
Apenas desejarei me deitar e sonhar com o rio sem fim.