Sentir demais
Noite muda e fria, não contente em minha solitude, que por sua vez, torna-se solidão.
Abraço-me em falhas tentativas de apaziguar dores crônicas que já não se vão.
Busco o orgulho que esteve em mim, conquistas que agora parece-me modestas, assim como eu.
Busco alívio em vícios orais, quando da minha boca já não saem palavras capazes de expressar o que sinto.
E eu sinto demais.
Sinto ao ponto melancólico de uma poetisa que em agradáveis rimas encontra uma parte leve da vida.
Sinto como um disco de vinil que gira eternamente em uma mesma melodia.
Sinto como uma casa velha que em suas rachaduras guardam memórias antigas.
Sinto-me farta, como se já carregasse o suficiente.