"tortura"
Vou chorar aqui, nesses poucos versos,
As dores das correntes que no passado, me feriram.
Das correntes presas ao tronco, não tinha como escapar;
Nas pontas, pulseiras de ferro que prendiam os tornozelos.
Doía muito, chegando a perder as forças...
As dores superavam o calor do dia e a friagem da noite.
Os tornozelos tão inchados, pressionados pelas pulseiras que apertavam...
Não podia mover as pernas, dessa forma, evitava as dores.
Com o passar dos dias, feridas iam se formando...
A circulação do sangue diminuía e câimbras horríveis sentia;
A mente confusa, agora não sabia mais nada...
Só queria sair daquela tortura.
Desmaei... ao acordar, estava sendo cuidado por um casal;
E pior ficou, quando deram um banho de água com sal;
Aquela salmoura, percorria meu corpo como uma faca afiada; não sei se ardia ou queimava;
Ùnico remédio que se tinha direito.
Mais tarde, observei que estava deitado n´uma cama de varas;
Recebi um prato de feijão e um pedaço de mandioca.
Comi... sem direito a repetir; ainda fraco, planejei nova fuga;
Dias depois fuji para um quilombo onde fiquei até o fim da minha vida.