Tumbeiros

Rasgam-se os tumbeiros da escravidão. Prende-se as angústias da escravidão. Fostes tu, homem branco, o principal causador de mortes, dores e lamúrias dos povos africanos?

Enganam-se os que pensam em enganos. Foram peles cortadas, gritos presos ao tumbeiros que sobre as águas salgadas dos oceanos, trafegavam-se legiões de costumes, gostos e peles negras.

A escravidão construiu lamurias de um povo sofrido. Foi ela a responsável pelos cortes profundos que sobre as peles negras evocaram resistências, clemência e cantos dos ancestrais.

Dos tumbeiros aos terreiros os negros ecoavam suas vestimentas, cantavam suas mandingas, encontravam nas dores, um empulso de resistência, essência de um povo em construção num mundo em ebulição.

Escravos

Sozinhos

Construindo

Raros

Alvoreceres com

Valores de

Indignação

Dos povos que

Ão de ser

O orgulho de uma geração.

Dores em verticalidades, choros em horizontalidades, mas, resistências em coletivo. Somos as essências de nossas ancestralidades presas nas atitudes de um povo em rebeldia.

Somos resistências, somos dizeres outros que sobrevivem diante da morte causada por genocídios, somos porque outros já foram por nós.

Wagner em versos
Enviado por Wagner em versos em 13/05/2023
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