Preciso ser eu, não posso me identificar
Encontrei algo? Apenas dúvidas
Questões do passado pesando como dívidas
Certo ou errado sinto menos eu, mais estatística
Onde tento associar pedaços do meu ser
Perdendo o amar e me prendendo ao sobreviver
A nuvem pode passar e a chuva desaparecer
Mas até tudo limpar sou impuro a ponto de enlouquecer
A penitência de sufocar meu ego e internamente falecer
Me explique o porquê da minha vontade ter perdido a potência
E a crença de que sou digno é suspensa
Pelo velório de minha liberdade de ação
Mesmo que eu queira,
É como acender o fósforo esperando a explosão
Mas eu não sei se há combustível mais para queimar
Congelando, minhas estruturas se consumiriam até nada sobrar
E não há nada além desta câmara de eco
Repetindo vozes enquanto suplico
Pelo silêncio
Nada intenso
Pois não tenho asas e mesmo se tivesse
Queria, mas não poderia, logo largaria
A vontade de sentir outra vez
A palavra
Paixão
Escravo de minhas próprias promessas
Me lancei ao futuro e ao passado me rasgando
E me dividindo em retalhos de um presente
Como um tecido rasgado
Sonhando com doces lembranças como consolo
E ignorando os meios enquanto sonho com os fins
Sou no infinito despedaçado
Tentando me unir ao que foi
O que será
E o que poderia ser
Em um ciclo de valores e criticas
Não sei se vale para mim algo que está se passando
Quando o presente é interminável
O desejo é incessável
A única razão de me encontrar no agora
É para satisfazer o desejo de me esvaziar no excesso
Hedonismo me é sinônimo de dissociação
E meu consolo é me desmanchar na multidão
No vazio de não ser ninguém
Sem rostos conhecidos, sem pessoas que se importam
Apenas uma singularidade existente
Entre tantas existências importantes
Se milhões de velas acesas queimam intensamente
Não preciso justificar a faísca que me tornei
O paradoxo de não querer ser ninguém
E querer alguém para me fazer acreditar