ABRAÇADO À TRISTEZA

ABRAÇADO À TRISTEZA

 

Eu vivo abraçado a uma espada,

E o gladium transpassa meu ser,

Quando fere minh'alma enlutada,

Do martírio de quem quer viver.

 

Poderia haver mais concórdia,

Pois o mal se nutre do poder,

E viver para amar sem discórdia,

Nos cobra a tolerância vencer.

 

Cada dia que se acorda é graça,

Mas tem gente que só reclama,

E só vivem a dizer: "Que desgraça!",

Quando, à noite, se deita na cama.

 

Há mortes, mesmo antes da morte,

Como tem os que teimam viver,

Porque somos mais do que a sorte,

Questionando até ser ou não ser.

 

Muitos querem somente possuir,

E juntar o que lhe seja precioso,

Mesmo que o ouro não deixe ir,

Para além de um velho osso.

 

Pois o tronco sem o resto é nada,

Como a vida sem amor se esvai,

Quando o velho elefante se mata,

Desde que não mais sirva de pai.

 

Tudo é tristeza sem a esperança,

E essa dor vem como depressão,

Mesmo que haja ouro e festança,

Mas é sério não ser inspiração.

 

Se eu não vejo o sonho em cores,

E nem acho gosto ao comer,

Porque ter a bolsa de valores,

Quando não há valor ao nascer?

 

São perguntas e respostas difíceis,

Mas seremos melhor ao servir,

Porque somos os seres incríveis,

Quando basta amar e sorrir.