Visão de mim

Vejo-me:

Uma sombra que espreita por trás da janela

De um fantasma que vaguei pela casa fria...

Uma vela que tremula a sua chama sombria

A única cor que esmaece a própria aquarela.

Vejo-me:

Uma névoa que se dissipa bem lentamente

Ao raiar do deus Sol que o novo dia aquece

A penumbra que desmaia no céu suavemente

Para acolher a Lua que sorridente aparece.

Vejo-me:

Uma criatura que sonda o seu próprio vulto

Uma infeliz sonhadora que a sorte ignora...

A alma que vela a morte fazendo o seu culto

E sobrevive os seus dias desejando ir embora.

Vejo-me

O vácuo do tempo que permeia a descrença

O murmúrio do silêncio que o epitáfio encerra

O estrondoso vazio da mais triste sentença

Uma estranha vivente habitando esta terra.

Vejo-me

Uma efêmera gota de orvalho na brisa matinal

O frio da noite que beija e açoita na escuridão

Um vagante espírito penando o desterro infernal

Uma agonizante esperança em busca de perdão.

Adriribeiro/@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 28/05/2021
Reeditado em 10/06/2021
Código do texto: T7266067
Classificação de conteúdo: seguro
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