O MORTO-VIVO
Além do tempo e da vida
Não sinto o tempo, rugas ou dor
Pairo no ar e não sinto o cotidiano
Queria sentir o tempo e suas surpresas
Mas morri sem querer morrer
Estou solto no espaço sem voz
Ah, sentir o gosto, o cheiro, o macio
Apenas eu ouço os rumores dos vivos
Seus espaços, eu atravesso, fantasma
Sigo sem rumo, sem apego, sem alegria
Queria viver e não consigo desaparecer
Não consigo interferir, nem interferem em mim
Estou no limar do tudo e do nada
Vago na eterna noite do após dormir
Me deixem viver ou me façam vácuo
Só não tolero o vazio de minhas sombras...