ESTOU TRISTE

Estou triste...

Uma tristeza avassaladora

Abateu-se sobre mim como um caterpilar

Deixando-me completamente esmagada

Olho para trás, olho para a frente

E nao vejo nada.

Tenho os olhos rasos de água

A mente balançando

Na linha quebradiça da razão

Já cansei de perguntar

Porque é que eu nasci

Porque é que não sou amada

O que é que faço aqui

Não encontro respostas

Não encontro a solução

Tenho as mãos cheias de nada

E fechadas todas as portas.

Ninguém quer o meu amor

Nem vendido a meio tostão.

Vou para a praça

Vendê-lo á rebatinha

Quero ver a multidão desvairada

Pode ser que alguém me devolva

A alegria que eu tinha

Mas ninguém quer comprar

Vou ter que o dar de graça.

Tenho o coração cheio de amor

Olha só o prejuízo.

O murmúrio dos meus dedos

Estilhaça-me o coração

São cordas duma lira

Já sem afinação

Ai a minha cabeça que não tem juízo

Mas cansei de ser ajuízada

Deitei fora o coração

Partido não valia nada.

Vou á procura dum novo amor

E compro um coração novo

Não consigo colocá-lo no peito

Preciso dum voluntário

Que possa dar aqui um jeito

Grito desvairada

E o meu grito desarvorado

Gotejando sangue amargo

Trespassa a multidão

E assim esquartejada

É um Deus que nos acuda.

Quem me ajuda! Quem me ajuda!

Sem coração a minha vida não é nada.

Mas ninguém se ofereceu…

Deixei vazar o amor

Que ficou caído pelo chão

E o coração vazio na minha mão.

Primeiro morreu o corpo…

E depois morri eu !

No meio da multidão

Mas ninguém se condoeu!

© Maria Dulce Leitão Reis

11/03/16

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 11/02/2021
Código do texto: T7181914
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