Eis que morri
Eis que morri
no pó da estrada, folha aluída,
decifrada na lonjura que me habita.
Eis que morri,
transparência opaca de ser luz,
de ser palavra, deificada álacre em reverbera.
Caminho-me agora incerta por dentro de rios nítidos,
de sorrisos tímidos de um Sol d’Inverno,
busco na essência de ti, a harmonia, o equilíbrio,
a consciência plena dos regatos dos desertos…
Nos membros retractos plasmam-se contínuos os gestos,
os olhos de solidão estendem-se aqui e mais além,
da raiz das águas às linhas defectivas da palma da tua mão.
E o tempo que me fita,
o tempo que me agita em pranto e dor, vem!
Retalha a carne mascarado de silêncios abolidos.
E os ventos sopram antologias d’enredos
e neles se escoam mortas todas as promessas,
todos os urdumes
de haver caminho por entre negrumes d’aurora..
Eis que morri, em cada flor incauta ao Sol d’Agosto,
em cada mar brutal, em cada navio naufragado
à vista do porto,
pelo peso desmedido de abismos de sal.