Suspiro de um poeta
Oh! Minha alma te aquietas
Não ver que o teu pensar se perdeu?
Não em linhas de papel branco
Mas, nos tolos e insistentes devaneios meus.
Some com o tempo a alegria do poeta
Lhe resta os vestígios que outrora passou,
E os seus escritos que antes fluiam
Hoje são páginas que o tempo rasgou.
E o som da flauta que entoava no silêncio
Mesmo ao ouvi-la em sonhos se aquieta,
Parece que o som luta para acordar
Um escrito, um rabisco, uma letra, um poeta.
Que houve poeta com tantas canções?
Pergunto a mim mesmo, olhando-me no espelho,
Vejo pegadas sem nenhum porém
Na inércia, no reflexo e no que não desejo.
Soa um pulsar, um todo, um aquém
Tão fraco se põe a olhar o abismo,
Eis que de tanto querer se encontrar
Surge algo a falar em forma de lirismo.
E o poeta assim, então ressuscita
O que havia morrido, alegrias e medos,
E ao final do poema suspira em fim
Entre ele e o eu lírico já não há mais segredos.