O TIRO

Um vão de sensações

Dolorosas ilusões

No coração poucas batidas

Estas sumidas

Cada segundo a dor se vai

Como sangue ha se esvair

O cérebro ainda pensa

Se for ao paraíso compensa

Mas ao inferno lamenta

O calibre não soube

Jamais, nunca pensou

Ter a vida resumida

A uma bala perdida

Nos braços de ninguém

Só o chão e que detém

O corpo deste refém

No auge dos seus 20 anos

Tão jovem tantos planos

Retirados por uma bala

A dor não para.

Morto pensando no futuro

Querendo apenas um pouco de ar puro.

Infelizmente não será lembrado

Morreu sendo marginalizado.

Crimes não, não cometeu

Mesmo assim morreu

Pagando o preço

Por ser preto.

Mais um preto, favelado e pobre

Morre e não, nunca descobre

O porquê de sua partida

Pois era honesto aqui nesta vida.

Confundido com bandido?

Ou morto por parecer com um foragido?

Não, não isso não

É só mais um corpo no chão.

No final operação bem sucedida

Mais um bandido sem vida

Que triste fim levou mais um homem honroso

Foi morto como criminoso.

Estudante morador de favela

Preto morador de favela

O perfil do criminoso

Morto por ser impiedoso

Sua arma era um caneta

Seu crime era, não, não era

Jovem, preto, estudante favelado

Terá agora seu corpo velado.

Como bandido?

Não, isso não, isso nunca.

Pra isso cada alma preta será lembrada.

Barroso L
Enviado por Barroso L em 19/06/2020
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