A TRISTEZA EM FRENTE À PORTA

A TRISTEZA EM FRENTE À PORTA

Os garotos só crescem,
Se deixarem o alimento perto,
E se gentilmente lhes oferecem,
As panelas como um livro aberto.

Pois o sustento do corpo,
Como a subsistência da alma,
Precisa da proteína e afeto,
Pois são como uma rima que acalma.

E nos meandros da vida,
Andando absorto pelo quarteirão,
Descemos numa rua atrevida,
Se sujeitando a cada escorregão.

Nas esquinas que dobram as ruas,
Me deparo com carros que cruzam,
Bem velozes como o raio da lua,
Arriscando meus pés que só andam.

E lá vou muito mais que adiante,
Pois só quero rever quem eu amo,
E espero que as portas se abram,
Em todo tempo e bem mais que um instante.

Pois a vida está além de momentos,
Em que somos alegres ou tristes,
Pois sozinhos somos só lamentos,
Quando o todo nos torna felizes.

E a tristeza eu espero que acabe,
Pois não cabe entender os momentos,
Em que o mundo até mesmo desabe,
Por não vermos o sentido dos ventos...

...Que chicoteiam em coriscos velozes,
Bem ferozes como Rasputin,
Vindo e sendo cruéis e algozes,
Bem em frente à porta incerta,
Que teimosa ainda não abre,
Pois agora sou totem e jardim.


Publicada no Facebook em 02/10/2019