Boa Sorte

Seus olhos perdidos desviam dos meus

Nossos sonhos em margens opostas do rio

A música dissonante sem arrepio

A festa em trevas em clima sombrio:

Sem cores, palavras, amores, sem graça.

Tudo é vazio, sem motivo; é nada..

Os cenários adornados são meros caprichos.

Subimos as escadas ao precipício

Da luz brilhando em noites estreladas.

Meu sorriso amarelo brilhando cachaça

Momentos que voltam em lembranças

Quebrando os discos, copos, alianças.

Nossos pés dançavam alegremente

Agora o chão deixa-os dormentes.

E a flor do campo que parecia o sinal.

Consola os olhares em um funeral.

O tempo vira o nosso mundo às avessas.

Sem piedade, impassível, sem chances.

Nossos jardins reclusos vão na correnteza.

Deformado, esmagado por avalanches.

E insiste um flashback sem controle.

Insiste o álcool, a dor, as lágrimas.

O tempo atravessa os corredores.

Levando as chaves, as portas, as malas.

A noite infindável é pálida, fria, prava.

E a lua minguante meu espírito minguava.

Numa indiferença assombrosa como a morte.

Um mantra macabro ecoava:“Boa Sorte”.