Riacho da Catingueira
É novembro, estou no sítio Riacho da Catingueira
E aqui respiro um ar triste
Em nenhuma terra paraibana existe
Sofrimento desta maneira!
As feras aqui me roem em um selvagem predatismo
E caminham bastardas e inglórias
Trafegam entre a matéria vil e figuras ilusórias
Fazendo, cotidianamente, um transformismo
Lembro do açude do meu batismo
Hoje, lá só tem lama de mangue
Na época, era farto... tomei banho de sangue
Dos cativos da época do quinhentismo!
Isto ainda me faz lembrar de Assis!
Um morador do sítio. Que em um dia de carnaval
Foi açoitado com um pau
Que estava nas mãos de uma meretriz.
Faz frio e é noite
Escuto uma, duas, três batidas
Devem ser as almas ardidas
Dos negros que sofriam açoites!
Vejo no chão uma carne que apodrece
É o corpo ou exoesqueleto de um inseto ?!
Não sei. Mas faz imaginar o meu último neto
Morto no chão e seu corpo em formato de "s"!
Acendo meu candieiro
E vejo vagalumes no teto
Olho para frente, vejo uma vela na mão do meu neto
E pergunto- Por que não me iluminaste primeiro?!-
Caminho pelo horto
Essa terra que piso aflige
Os construtores da Esfinge
E esconde os ossos de um trabalhador morto!