Náufrago

A maré cheia rancou meu peito.

Ancorando aquém o que não quis eu

E no buraco, fraco esqueceu

Algum grado, brado com defeito.

Amar é cheio. Mas para mim Deus...

Nenhum agrado, amado, Nenhum.

Só o frio que bate como ondas, jejum.

Molhando os últimos versos que foram teus.

Alguma palavra me acode a noite

Lavando-me o lado, que no açoite

Salgou-me a pele, a falha Suprema

Olhando o céu me vem a certeza

O sal é o único que na peleja

Deu gosto à dor deste amargo poema.

Henrique Erik Machado
Enviado por Henrique Erik Machado em 12/11/2019
Código do texto: T6792978
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.