Náufrago
A maré cheia rancou meu peito.
Ancorando aquém o que não quis eu
E no buraco, fraco esqueceu
Algum grado, brado com defeito.
Amar é cheio. Mas para mim Deus...
Nenhum agrado, amado, Nenhum.
Só o frio que bate como ondas, jejum.
Molhando os últimos versos que foram teus.
Alguma palavra me acode a noite
Lavando-me o lado, que no açoite
Salgou-me a pele, a falha Suprema
Olhando o céu me vem a certeza
O sal é o único que na peleja
Deu gosto à dor deste amargo poema.