Uma flor que se esparrama no jardim
Quando o amor perde o valor, quando uma flor perde o amor
Em cada pétala que cai, uma vontade se esvai...
Porque efêmero vivera, efêmero morrera,
E a flor, em seu jardim, suas pétalas espedaçadas,
Esparramadas, junto ao sentimento declamado
Outrora, tão superficial quanto a aurora
Em cuja manhã transborda em tempestade...
Quando o sentimento se vai...
Então, o vento leva embora
O amor daquela flor
E toda a beleza e a forma e o aroma
Da flor despetalada,
Vão-se embora, junto ao seu adeus.
Porque o amor daquela flor não resistiu
Aos incômodos do vento, do ar, do calor, da tempestade
Em que viveu.
E não suportou, por volátil, as mínimas intempéries do amor.
Então despetalou-se.
Foi-se.
Embora.
Mas talvez sua superficialidade
Explique sua decisão.
Porque o amor, para durar, tem que ter raiz!
Tem que ser mais sólido que o gelo que se derrete ao mais tênue calor
E mais macio que o cetim, macio e delicado, suave, brando...
Mas despetalou.
Mas esqueceu-se que seus pedaços foram outrora juntados dia a dia, mês a mês, ano a ano,
Por quase uma vida,
Pelo poeta das frustrações, das ilusões, do sofrimento, das desilusões...
Desilusão.
Volta e cata cada pétala, sonhador,
Cola com seu amor, sua dor, com o que resta do que sobrou,
E veja se ainda existe motivo,
Ou razão,
Para continuar a viver...
Juntando pedaços da vida!