Dor amiga?

Com muita frequência ela vai e volta,

sem que eu peça ou impeça,

com aviso ou sem aviso.

Com hora marcada ou sem compromisso.

Não quero que volte,

nem que vá embora.

Quando não a sinto,

sinto falta.

Não existe verdadeira calma.

Me dói a alma,

a cabeça,

o coração.

Ela me tem nas mãos.

Bem segura entre as palmas.

Ela me assegura de que eu não esqueça,

mas me deixa insegura, medo de ser esquecida.

arranco os pontos, não há quem me impeça.

Ela vem quando reabro a ferida,

nunca pensei ser tão sofrida.

Ignorei o que via,

quanto mais o que não sentia.

Dez vezes mais o que eu achava que conhecia.

Dor amiga,

que me abriga e desabriga.

Me tira o chão, me arranca o teto.

Me deixa desesperada por afeto,

que eu recebia e agora me falta.

Não há quem me cubra, não há quem me acalma.

Dor amiga?

Leva tudo e não me devolve nada.

Me deixa sem palavra

de quando cessar ou acabar.

Amiga que fala muito e me deixa calada.

Lívia Helena Rodrigues
Enviado por Lívia Helena Rodrigues em 05/08/2019
Código do texto: T6713316
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