Ad aeternum
Não, não quero calar
O doer profundo
Só por que o não doer..
É a regra do mundo...
Pois a infelicidade
Me abraça sem piedade
E não sou só eu..
Presa indefesa
De insana saudade...
Saudade do ninho familiar
De quando nos braços do pai e da mãe..
Eu podia me aninhar..
Das brigas infantes com os manos..
Por uma finca..uma bola..uma boneca de pano...
Eu não sei precisar.
Quantos mil anos...
Deus me fez passar..
Mas meu coração
Registrou cada momento...
E foi no luto da tragédia
Que partimos num caminhão..
Nova casa..Nova escola..
Nova e urbana.. só me serviram
Taças amargas da dura decepção...
Me salvei de qualquer jeito..
Na raça..naquilo que podia..
Formei meus planos de vida.
Nunca houve guerreira mais forte...
E cresciam minhas saudades
E as perdas ao dos Deuses contento..
As mantilhas e as mortalhas..
Até que Deus teve a soberba ideia...
A solidão se faz assim..
De saudades grandes..sem fim....
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Ad aeternum
Dorothy Carvalho