Elegia para um morto futuro.
Chega o impasse
Entre a verdade
E os últimos suspiros
De um sonho que
Fora moldado ao nada
À custa de tudo.
Veio a ausência
De som, movimento,
Tato e visão
Quando palavras
Como aquelas
Ecoariam entre
Paredes vazias de pensamentos.
A imaginação
Sente-se culpada
Por ter tido a mínima vontade
De afastar-se do
Carrasco realismo,
Punindo a si mesma com
Mais doses de realidade.
E até mesmo
As flores da esperança
Murcham ao auge
Da efêmera primavera,
Fazendo assim o luto
Como fruto da estação.
Ações pavimentam
Um novo caminho
Para se andar
Com o fúlgido receio
De que a solitude
É uma fiel companheira
Que será a única
A te seguir até o fim.
São enfim coisas
Que devem ser aceitas
Como fatídicas condições
Por viver às cegas
Em um mundo de
Silenciosas catástrofes.
Estar de braços abertos,
Olhar esperançoso
E de ilimitada indulgência
À espera por alguém
Que nunca mais marcará
Sua presença com abraços,
Sorrisos infantis
E falsas promessas críveis.