A CRIANÇA IMORREDOURA

A CRIANÇA IMORREDOURA

A criança imorredoura que insiste em sobreviver

Neste corpo decrépito e carcomido

Ainda é a mesma dos anos cinquenta

Que gostava de brincar de no campo do Sacramenta.

Duma prole de sete filhos

De uma família de indigência gritante

Criança que vestia calção (short)

Confeccionado da saia do vestido já bastante surrado

Usado pela minha saudosa mãe

O menino que chegou a dormir na mesma rede

Juntamente com seu irmão mais novo

Porém era muito feliz

Correndo na rua brincando de bandeirinha

Jogando bola no campo da sacramenta

Brincava de pira-cola nas noites de luar

Subia em árvores frutíferas, para a fome amenizar

Frequentava o grupo escolar

De uma estrutura precária, mas a professora ......

Todavia, minha mãe entregou na minha mão

A biruta da vida, a bússola da prosperidade

O radar de um futuro próspero

Ensinou-me que todo trabalho dignifica o homem

A faina era bruta, mas precisava trabalhar

Vislumbrava um porvir, onde o sol podia brilhar

Com maior intensidade, sem precisar mendigar

Hoje sendo um homem realizado e possuidor

- : Possuo uma amável família

Coloquei no mundo um filho, plantei inúmeras árvores

Escrevi meu primeiro livro, que também fala de amor

Porém jamais desejo que feneça

A criança que resiste em sobreviver dentro de mim

Pois quero brincar como criança e ter muita paciência

Com minha neta LUNA, no quintal de minha residência.

Capanema, 11 de outubro de 2018. SALENCAR

salencar
Enviado por salencar em 13/12/2018
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