Estou farta da lógica autoritária da inteligência.
 Quero ter emoções livres, absurdas e absortas
 Não quero a dialética de Newton
composta de ação e reação.
 Quero chorar sem ter motivos.
 Quero rir sem ter do quê.
 Quero ter o coração livre, infinito
e espaçoso.
 
 Estou farta de tanta inteligência.
 Respostas complexas para perguntas simples.
 Respostas simples para perguntas complexas.
 Não quero a teia enredada de ideias e paradoxos.
 Não durmo bem.
 Não respiro bem.
 
E, de repente, a vida é um fiapo.
 A luz é uma mera purpurina.
 E a lantejoula me engana
e me seduz.
Quero as respostas erradas.
As perguntas burlescas.
E a falta de imaginação frugal.

Em meio a primavera,
apenas uma flor colheu meu olhar.
Em meio ao verão,
apenas alguns raios de sol atingiram o céu.
E, agora, sinto essa dor no corpo.
A dor de existir.
A dor de ter raízes e perder-se...

A dor de não ser completa e nem plena.
De ser em gerúndio o infinitivo imperfeito.

Na água do mar, o sal é o tempero da vida.
E, na água do rio, o doce é a trégua
dos amargores da vida.
Vivemos de compensações estranhas.
 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 25/07/2018
Código do texto: T6400222
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