Alma Partida
Ainda ouço os pedaços de minha mortalha
rasgarem - se inaudíveis.
Enquanto visto cores e pinto amores doentes
nas paredes de um ser pulsante, teimoso e frágil.
Ele ainda suspira por ti no modo automático.
Bombeia dentro de si,
o aconchego que uniu cada estilhaço que causava dor.
Faz correr por minhas veias o teu perfume de frésias,
colhidas ao nascer do Sol,
banhadas em gotas de orvalho.
O Rouxinol perde teu posto em gaiolas douradas,
e canta triste uma memória de riso doce e debochado.
Suave e despreocupada voz de barítono.
Enquanto lágrimas banham a face
que agora jaz sem vida, sem sonhos e esperanças.
A cumplicidade sussurrada
deu adeus aos pequenos segredos
e a traços que o mundo jamais conheceu.
Os sorrisos escondiam - se,
nos dedos as contas de um colar se perdiam, se contavam, esmaeciam...
"Era apenas a despedida." - eu diria.
Não morava mais um beijo.
Não cabia uma súplica.
Nem cores, nem vidas, nem desencontros.
Nem sequer o âmbar líquido dos olhos do ser amado.
A graça quedou - se no erro, na hora não marcada.
Na inocência conspurcada pela sedução.
Quedou - se nos jogos de interesse,
onde sempre vence o mais forte.
Houve paz em meio ao caos e também dor.
Uma última luz da alma, apagou - se.
Agora era tudo silêncio,
a cada vazia,
a maldição soturna,
e a canção do vento.
Não houve pedras a pisar,
apenas o velho e bom cinza a espreitar,
abraçando com firmeza
o que deverás era real...
Música: Cursed - Jacob Lee