Só a passagem de ida.
Um estranho incomum avassala o peito
o peito inteiro com o cárcere alheio
envolto nesse pícaro eximio escritor
de palavras finas sem fundo ou ardor.
Gemidos prantos alcoólotras afogados
suspiros tantos sucumbidos pelo cigarro inalados
as lágrimas barradas em prosseguir por um ego infanto
sátiras a si mesmo restituem a cena num pensar insano
E no pico o pícaro enxuto persiste na dor da perda
sacado com um puxo o revólver que já viu centelha
um cigarro a beira do penasco é seu último desejo
o isqueiro apagado é seu fogo extinguindo existência
Sorte que é mais um covarde perante a foice afiada
o revólver à mão é só uma cena dramatizada
o penhasco e o cigarro, o elenco de sua tristeza
com o término do maço, só tem-lhe vaias com ódio e firmeza
Uma sístole afina mais forte
de longe, uma voz o envolve
ja sabia, mas não vira, não crê
o motivo da penumbra veio lhe ver
Sabe-se que era a paixão da vida dele
mas ele não mais raciocinava
então a senhora foice muito afiada
com uma escorregada, consegue a emboscada
Torto de tanto beber, fumar, pensar e sentir
agora caindo olhando o mais lindo céu a existir
as vaias transformam-se em aplausos e uma mulher chora
as palavras não saem mas os lábios emitem num último impulso
"Eu te amo" teria dito.
Mas não teve coragem de pronunciá-las
como covarde que mostrara durante a vida
como um homem que só comprara a passagem de ida.