À deriva

Desbravei todos os mares

na minha grande embarcação,

a minha amada era o meu guia,

dona do meu coração.

Uma longa tempestade

levou meu barco ao fundo.

Poseidon tirou-me a metade:

zarpei perdido no mundo.

Hoje,

quando alvorece o dia,

ancorado na janela,

no mar de gente que passa

em vão procuro por ela,

tão bela.

E quando avança a tarde,

fundeado na janela,

o meu peito ainda arde

no vazio que sinto dela.

A noite já distancia…

Aportado na janela,

navego a vida vazia

no meu barquinho sem vela.