Por que esta fogueira crepita lentamente?
Tanta lembrança requentada.
Esfriando no patamar da estória.

Por que essas lembranças
na tela morna de minha alma?
Tantos vestígios.
Tantos espíritos a entoar um cântico.

Tanta coisa passou.
Tanta coisa reticenticiou-se
num intransitivo infinito.
Dar-se. 
Perder-se.
Desenlaçar-se.
Agora no labirinto não me sinto perdida.
Há mais certezas perdidas
do que encontráveis.
E os encontros são tormentos.


O calor aleatório de fotografias
em preto em branco.
O meu vestido branco que achava
que era amarelado.
Meus atavios brilhantes,
salpicava estrelas imaginárias.

Na constelação particular.
Contava-me sobre os signos
As predições... 

A manhã solitária conversava com o orvalho
E da fogueira sobraram-se as cinzas
E esperei a phênix surgir...

Do cântico ficou a harmonia 
impressa nos sustenidos
E, a pauta guardada na gaveta
contava segredos perdidos


Você não existe mais para mim.
Eu não existo mais para você.
Somos paralelas que se encontrarão no infinito.

No passado, na encruzilhada fatídica.
Perdemos-nos.
Cortamos a veia.
Perdemos sangue.
E, de hemorragia repleta de indiferença
e silêncio.
Morremos um para o outro.

Ouço seu nome.
E, me parece tão estranho.
Assim como é estranho a fogueira
aniquilar toda a matéria

Que depois o vento leva.
Para longe das vistas
e da memória. 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 03/06/2018
Reeditado em 04/06/2018
Código do texto: T6354795
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