DESALENTO
que dedos de bruma
vão tecendo a hora de coisa nenhuma?
nas pausas da tarde
que mistério chora que espantalho arde?
de lábios de espuma
que mar me devora que noite me invade?
entre o verso e a rosa
o que a alma ignora me roubou a tarde?
de que lado sopra o vento?
qual a estrada errada?
onde ir buscar o alento para encorajar o nada?
pouco ou muito sentimento
não responde a esta chamada
da vida desencontrada
dos espantos de momento
vai-se o tempo, vai-se o vento
fica a estrada inacabada
e uma forte dor alastra
que me rói o pensamento.