Pela Fresta da Janela

Bati

Nem sei dizer quantas vezes

Insisti

Mas aquele a quem dei o meu amor não me abriu

...

O vi

Pela fresta da janela

Estava demasiado triste

Impossível era não ter me ouvido

Porém, me atender ele não quis

Começou a chover na madrugada

E lá estava ele, pela fresta eu vi

Ele não dormiu a noite inteira

Ele chorava, soluçava, suspirava

Comoveu-se o céu com seu lamento

Que por um momento, calou-se o vento

Comoveu também a mim, chorei, meu amor...

Lembrei o quanto ele era quente

Ah, quando ele era reluzente...

Eu sei que poderia guardar metade do calor

Para um dia frio, para uma noite fria...

O próprio sol murmurar, ele fazia

Se aproximava a aurora

O vi pela fresta, enxugando o pranto

Ele não queria que aparente fosse sua dor

Bati uma última vez, cansei, me retirei chorando

Ele abriu a porta, mas partido eu já havia

Enquanto o sol surgia, no horizonte se via

Os raios sobrepondo sombras ao destacar minha silhueta afastando-se...

Ele chamou-me, proferiu meu nome em alta voz

Não regressei! Me vi enferma

Pois uma madrugada inteira

Do lado de fora, velando o seu pranto pela fresta da janela eu fiquei.

Sâmya Costa
Enviado por Sâmya Costa em 16/09/2017
Reeditado em 16/09/2017
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